ANTES:
DEPOIS:
“Escolhi você para o melhor papel da minha novela. Vai ser seu maior sucesso”. Silvio de Abreu tinha a noção exata do que dizia quando anunciou isso a Claudia Raia, em meados de 1987. Já a novata, então com 20 anos, que estava há três na Globo e se resignava no papel de uma prostituta na novela “O outro”, não entendeu a dimensão daquela conversa crucial que teve com o autor no corredor da emissora.
— Eu sabia quem era ele, mas não tinha muita certeza. Então falei: “Tá, obrigada!”. Só quando recebi o convite para fazer “Sassaricando” é que lembrei: “Ah, é daquele careca, o autor” — diverte-se ela, hoje com 47 anos.
Como previsto, a feirante Tancinha conquistou o público com sua sensualidade e bordões como “me tô divididinha” e “olha os melão”. A personagem, que abriu caminho para tantas outras bem-sucedidas, foi escolhida por Claudia para ser reproduzida na capa deste especial “Viva a TV!”, que celebra seus 30 anos de carreira na telinha.
Ao chegar ao estúdio e ver a peruca e o figurino, feito sob medida, a atriz se empolgou.
— Na época era meu cabelo mesmo, a gente fazia o penteado com difusor — lembrou: — E o vestido vermelho foi de um encontro marcante de Tancinha e Beto (Marcos Frota).
Silvio, que percebeu o potencial da atriz em “Roque Santeiro” (1985), não poderia ter sido mais visionário.
— Fiquei impressionado com a figura dela. Claudia tem um holofote em cima de si. É tão exuberante que, mesmo que a gente não queira, ela rouba a história — diz.
A química entre o autor e a atriz deu tão certo que os dois não se soltaram mais:
— Ali começou o nosso casamento. Fizemos “Rainha da Sucata”, “Deus nos acuda”, os musicais... Silvio é um pai para mim, tanto que os meus filhos o chamam de vovô.
Até em “A próxima vítima”, que não contava com Claudia no elenco, o autor deu um jeitinho de encaixá-la.
— Ele me ligou e disse: “Presta atenção. Ponha um vestido preto e vá em tal lugar. Tem uma câmera, sem diretor nem nada, você leva um tiro e morre. É o fim da novela. Não conte a ninguém, nem ao Edson (Celulari)”. Saí de casa fugida. No dia seguinte, estava em todos os jornais: “Quem matou Claudia Raia”? — lembra ela.
Também foi em “Sassaricando” que a atriz conheceu outro profissional de quem se tornaria íntima: Miguel Falabella (“Um dos eixos da minha vida”, ela define).
— Claudia foi uma explosão, e eu fiquei encantado logo de cara. Mas, hoje, posso dizer que é a mais disciplinada e caxias de todas com quem trabalhei. Além de uma grande amiga, daquelas que, quando você está doente, leva uma canja na sua casa — diz ele.
Produção: Rita Moreno
Beleza: Max Vitor
Agradecimentos: Firenze Calçados, Fiszpan , Fundição Filomena, Nail Art: Joana D'Arc
Fonte: Extra