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5 de dezembro de 2012

Não há como fugir da Raia!



As seis horas no Projac esperando Claudia Raia gravar as cenas da maléfica Lívia, de Salve Jorge,valeram cada um dos 35 minutos que durou esta entrevista. Como sempre, a atriz, de 45 anos, estava animadíssima – mesmo depois de um dia longo de trabalho, duas aulas de balé e sapateado -, e louca para chegar em casa e se exercitar pulando corda com o filho Enzo, 15 anos, fruto do casamento com Edson Celulari, assim como Sophia, de 9 anos. Sucesso com o musical Cabaret, em São Paulo, Claudia interpreta a decadente Sally Bowles, um tipo “pesado, heavy”: ” Não me deprime porque não sou adepta de levar personagem pra casa, não sou doentinha a esse ponto de falar: ‘Ai, e agora o que faço com essa emoção?’”, garante a atriz que, desde fevereiro passado, assumiu o namoro com o coreógrafo e bailarino Jarbas Homem de Mello, 43 anos, com quem divide o palco. Uma paixão tão grande que Claudia, dona de personalidade forte, afirma que adora ser mandada pelo amado: “Sou intensa em todos os sentidos. É amar demais, tratar o homem como se ele fosse um rei, ser mulherzinha… Adoro ser mulherzinha! De fazer comidinha, cuidar, fazer massagem”. Mas La Raia, que está sempre no salto 15, tem horas que se cansa da expectativa em torno de seu estilo glamoroso: “Não sou a Mulher Maravilha. Não sou sempre incrível. Sou igual a todo mundo, gente!”. Embora esteja sempre na correria para gravar no Rio, se apresentar em São Paulo e cuidar dos filhos, ela encontra tempo para cuidar do corpo e da mente: “Hoje, aos 45, acho que sou melhor do que quando tinha 20″.


Você veio como vilã, depois da Carminha (Adriana Esteves), de Avenida Brasil. As pessoas criaram a expectativa de que Lívia surgisse com um fuzil AR-15. Acredita que ela vai colocar a ‘mão na massa’ ou será sempre uma estrategista?

Acredito que sim. É claro que são dois temperamentos e duas temperaturas. Na verdade, a gente fala de uma vilã que, no começo, nem sempre foi daquele jeito: a Carminha pegou fogo nos dois últimos meses. As pessoas são engraçadas… A gente tem uma novela com algumas semanas no ar: é claro que a Lívia tem que começar devagar, com uma estratégia. Não posso chegar com um AR-15 na mão, por que aí para onde eu vou no final? Temos oito meses de novela. Ela é uma vilã de estrutura racional, e não passional. Claro que, com essa frieza toda e o poder ardiloso de ser uma estrategista da pior qualidade, ela vai ser pega na curva. Milhões de coisas vão acontecer para que ela seja desmascarada, para que se depare com o lado passional dela quando for surpreendida por uma paixão, no meio da novela.

E o Haroldo (Otaviano Costa)?

O Haroldo foi só um aperitivo. Na verdade, ela estava usando-o.

Bom, a paixão é o Theo (Rodrigo Lombardi)…

(risos) Só posso dizer que é uma paixão arrasadora!

Muitos personagens em novelas se redimem por amor. Você acha que Lívia pode ser uma delas?

Ela, não. Porque é má por natureza. Não é má porque é psicopata, ou porque foi rejeitada pelos pais, como a Carminha. Acho que a Lívia é má mesmo, de alma ruim, sabe? É até capaz de fazer uma boa ação se for algo que se reverta para ela. Pode fazer carinho num cachorrinho, porque precisa que ele esteja louco por ela, apaixonado, precisa daquele laço.

Uma mulher extremamente carente, não?

Muito! Precisa das pessoa todas em volta, pagando ou não, não interessa como.

Você acha que há uma maldade latente nas pessoas pronta pra vir à tona numa situação-limite?

O ser humano é bem complexo, coitado de quem achar: ‘Essa pessoa não é capaz disso’. Acho que o ser humano é capaz de tudo! E é uma delicia trabalhar com isso como atriz. Na verdade, você pode tudo. É claro que existem estruturas diferentes, bases diferentes, educação diferente. Mas você cria a personalidade e o caráter de uma criança até os 3 anos de idade, isso está completamente comprovado. Um menino que teve uma vida difícil, dura, vindo da Febem… É possivel ele se regenerar 100%? Talvez não. Mas não porque ele nasceu aqui ou ali. É porque ele não foi estruturado para isso nos primeiros 3 anos de vida. Então, não há milagre. Não há como você mexer daqui e dali: o cerne do problema continua mal feito.

Acredita que existam pessoas eternamente boazinhas?

Às vezes, você está casada há 20 anos, e pode se pegar dizendo: ‘Eu não conheço essa pessoa com quem estou casada, nunca a vi tomar essa atitude!’. Não viu porque aquela atitude nunca esteve em sua vida ou porque a pessoa nunca passou por aquela situação. Nem ela saberia que a reação seria aquela. São situações nas quais você não tem ideia do que é capaz de fazer.

O que você seria capaz de fazer para proteger os seus filhos?

Tudo! Qualquer coisa, qualquer coisa!

Matar, morrer?

Acho que sim. Não é possível tocar nos meus filhos de jeito nenhum! Acho que seria capaz de qualquer coisa, até de uma insanidade para protegê-los. Não interessa pelo que é: o ser humano vem com tudo quando se trata de proteger seus filhos. É o instinto animal.
 

O que faz de uma vilã uma personagem tão atraente ao público?
A ação está na mão da vilã, e a mocinha é a vitima. São personagens ardilosos, diferentes, com movimento.

Acha que o público fica interessado em situações que fogem do politicamente correto?

Acho. Porque ele até tem vontade de fazer, e não tem coragem. Então, ele se vê no outro, vive aquele prazer de fazer o que não é de bom tom através do outro, não na sua própria vida. Por isso as novelas tem tanta força.

Você está fazendo um drama, mas adora uma boa comédia. Qual dos dois prefere?

Eu adoro bons personagens. Mas que dá bem vontade de fazer umas palhaçadas de vez em quando, isso dá (risos).

Você se segura?

Eu me seguro completamente (risos). Claro que o que a gente está vendo no ar agora é o início de tudo. O público está começando a entender o que é a novela, a conhecer os personagens. Quando você vê a trama como um todo, o lugar que tem dentro desse todo, e o que isso significa na obra em geral, fala: ‘Ah, tá bom! A minha personagem é isso’. Daí começam a abrir as vertentes, porque numa obra aberta pode tudo. É cedo ainda pra falar, embora a gente já esteja gravando há muito tempo. Gravei um pouco na Turquia, aí paramos por um tempão; gravamos aqui mais um pouco, paramos de novo. A novela é muito grande, tem muitos núcleos. Agora, a gente consegue vê-la como realmente é.

Vilã sempre merece castigo?

Acho que essa vilã, sim.

Mas tem que ser exemplar, ou seja, para que o público acredite que a justiça foi feita?

Acho que é a própria lei divina. O castigo divino que não depende de um outro ser humano. É a lei de causa e efeito. Não é só pra mostrar ao público: ‘Não faça isso porque você será castigado’. Acho que seria muito primária essa linguagem. A própria vida faz com que o castigo venha a cavalo.

Você fez mil tipos diferentes. Um dos mais interessantes em termos de composição foi a transex Ramona, de As Filhas da Mãe (2001). Como foi interpretá-la? E numa época em que você era uma das grandes musas dos gays…

Até antes já era, vamos combinar… (risos). Eu adoro os gays! É um povo alegríssimo. Meus maiores amigos são gays, é uma gente muito especial.

E a Ramona lhe dava um prazer especial? Nem precisou de laboratório, não é?

Era só da convivência com os amigos. São tantos anos… Já estava encarnado!

Você é a favor do casamento entre homossexuais? Não só a união estável, mas com muita festa, vestido de noiva, glamour…

Claro que sim. Imagina? Sou a favor de as pessoas serem felizes. E se dois homens são felizes, são duas almas que se encontraram. O mesmo com duas mulheres. Já estamos em 2012, né? Tem acabar esse preconceito.

E esse beijo entre homossexuais masculinos que não sai na TV…

É bem machista o país que a gente vive.

Outro dia, você deu um depoimento ao Programa do Jô sobre uma cena sensual, na banheira, com a Louise Cardoso, no filme Matou a Família e Foi ao Cinema (1991). É complicado fazer uma cena homo?

A Louise é muito minha amiga. Foi mais fácil por isso. Eu gosto dela, tenho muito carinho por ela. Não houve qualquer problema.


Você também gravou cenas sensuais com a Maria Luisa Mendonça na minissérie Engraçadinha – Seus amores, Seus pecados (1995)…
Isso. Mas você está ali concentrada na personagem, não está pensando em nada além de fazer uma bela cena.  
E cenas de nu? A personagem tem que pedir ou você pode abrir uma exceção?

Tanto o pedido do autor quanto o do diretor têm o mesmo peso. Se o diretor pede que você faça uma coisa dessas, que não seja gratuita. Na hora em que você vê que está ali, exposta, que o diretor está querendo tomar partido de uma coisa extra… e você exposta à toa? Não precisa. Agora se a personagem pede ou se realmente a situação pede, tudo bem!

Você posou nua para a Playboy, com 18, 19 e 20 anos. Foi difícil?

Sofri muito. Nossa, foi horrível! Teve um dia em que desisti de tudo, parei e disse: ‘Não quero mais fotografar’. Botei minha roupa e fui embora, chorando que nem criança. Sofria também quando a revista saía (nas bancas).

Mas valeu a pena no final?

Achei que na época, sim. Mas não faria de novo.

Vamos falar de Cabaret. Money, money, money (trecho da música cantada no espetáculo) é muito importante na vida de uma pessoa?

É, mas não é tudo. Acho que o money, money, money tem que estar a seu serviço, e não o contrário. O dinheiro é uma energia que corre de você, tanto o dinheiro quanto a fama. São duas energias complexas e traidoras. Acho que quem estiver a serviço do dinheiro está fadado ao fracasso. Você precisa, sim, faz alguns trabalhos por causa dele, só que sua relação com o dinheiro deve ser saudável. A mesma coisa com a fama.

A Sally, sua personagem em Cabaret, sofre muito…

Você viu a peça?

Não, só vi o filme, com Liza Minelli.

Ih, mas a peça é muito pior. É mais angustiante. Foi tudo atenuado no filme porque foi o Bob Fosse quem dirigiu, e pela própria indústria cinematográfica. No cinema, Sally não é uma prostituta da pior qualidade, e sim uma cantora de cabaré; não é alcoólatra, enquanto na peça é totalmente viciada em gim. Na verdade, o cabaré é um buraco negro, junto com o Nazismo, que é muito forte naquele momento. Eles vão todos se afundando. E Sally acaba o espetáculo descabelada, toda borrada. Não tem glamour nenhum, como no filme.

E como é que você fica depois?

Exausta. Porque é uma personagem puxada, heavy.

Fica deprimida?

Não me deprime porque não sou uma pessoa adepta de levar a personagem pra casa, não sou doentinha a esse ponto de falar: ‘Ai, e agora o que faço com essa emoção?’. Chego em casa, tomo um banho de sal grosso – que a gente dorme e acorda diferente – e já foi! (risos). Outro dia, na gravação, estávamos comentando sobre o tráfico de bebês, que é uma coisa horrorosa. Eu não posso pensar com a cabeça da Claudia, tenho que pensar com a da Lívia pra poder sobreviver. Porque eu sou mãezona, amo bebês. A Lívia trata bebê como maçã, empurra com o pé a cesta onde ele está, coloca numa saca…  

É horrível como ela trata as pessoas. Bem diferente de você.

E a Wanda (Totia Meirelles)? A Wanda, na verdade, é a escrava da Lívia. Ela é tratada como lixo.

Aliás todo mundo, não?

É, mas a Wanda é o braço direito dela. Que, na verdade, ninguém é. Ela não confia em ninguém.

Deve ser terrível viver assim?

Eu nem me imagino. Quanto mais eu, que falo e brinco com todo mundo, me disponibilizo para as pessoas. Procurando manter sempre a energia positiva.

O que você acha que levou talentos como Judy Garland, a própria Liza, Elvis, Michael Jackson e tantos outros astros do showbiz à depressão, envolvimentos com drogas, destruição de suas carreiras?

Judy vem de uma criação horrorosa. Liza presenciou muita coisa ruim e acabou sendo afetada. Acho que tem a ver com o sucesso. Muitas vezes, a busca incansável por ele, sem limites.

E o medo do ostracismo?

Também, claro. Uma insegurança… Muitos se cobram demais. Começa aquela coisa de ‘tem que ter sempre energia’. Aí,toma um energético, um remédio pra dormir, um remédio pra acordar… ‘Tenho que ficar speed’ (ágil, com ânimo) e toma mais energético, e remédio, e bebidas. Uma pessoa que já é desequilibrada, que tem tendência à dependência química, vai embora… E acabam se perdendo grandes talentos.

Você acha que a carreira é datada? Em musicais, por exemplo, como dizia Marlene Dietrich, ‘chega a hora em que não dá mais para colocar pernas de fora’…


É datada, sim. E tem que dar uma reciclada. Quem fez isso lindamente foi Tony Ramos. Que é meu amigo e sempre foi galã. Ele nunca foi um homem deslumbrante de lindo, mas a gente falava: “Ai, meu Deus, como é lindinho!’. Era um lindo diferente. E de um talento à toda prova. Foi o galã da vez durante anos. Quando chegou aos 50, parou e pensou: ‘Pera aí, tenho que partir para novos personagens. Ou vou para personagens histriônicos e tipos, ou vou me ferrar’. Porque galã ele não seria mais. E se reciclou, se reinventou, de uma maneira tão profunda, original e verdadeira, que ficou ainda mais maravilhoso. A gente tem que pensar muito sobre isso. Porque tem um declínio, sim. Depois de uma certa idade, ninguém lhe chama mais pra fazer capa de revista, comercial… Se tiver sorte será chamada para ser a mãe, a avó.

E tem alternativa, além de se reciclar?

A gente que produz teatro, que produz suas próprias coisas, consolida uma carreira fora daqui, da televisão. Por exemplo, eu não fiz Guerra dos Sexos por causa do sucesso do Cabaret, e a Globo aceitou isso, porque pra ela também é bacana que eu esteja fazendo um projeto de tanta expressão. Entrei aqui (na Globo) aos 17 anos, praticamente um bebê. E adoro, não nego mesmo. Mas tenho que pensar que existe a minha vida fora daqui, no teatro, nos musicais.

Às vezes, cansa ser Claudia Raia?

Cansa! Nossa! Estar sempre incrível, magra, colocada, simpática, carismática, inteligente, cantando bem, dançando bem… Tem essa coisa de cansar, mas como sou muito alegre, muito positiva, fica mais fácil lidar com isso. E quando a nota não sai, penso: ‘Ah, que pena, ela quis compartilhar hoje’. E vamos em frente. Aí, entra a maturidade: ‘Não sou a Mulher Maravilha’. Não sou sempre incrível. Sou igual a todo mundo, gente!

É difícil manter a beleza e a forma?

Dá trabalho, mas a gente já percebe no HP uma ruga aqui (aponta para o rosto). Mas você acha que eu fico naquela preocupação louca? Nada… Olho no espelho e digo: “Ok! É isso que temos para oferecer hoje”. (risos). Hoje, aos 45, acho que sou melhor do que quando tinha 20.

E dá aquela vontade de colocar uma sandália rasteirinha, sair sem maquiagem, cabelo preso…

Na vida, geralmente, ando sem maquiagem, boto óculos, um gloss na boca, rabo de cavalo e vou. Mas estou sempre bem arrumada porque gosto. Não é para estar incrível para as pessoas. Eu gosto de estar assim! Mesmo que de rasteirinha. Agora as rasteirinhas e as sapatilhas têm estado muito na minha vida, porque que tenho um namorado que não é tão alto. Tenho que abaixar o tamanho do salto (risos).  

 Os amores da sua vida têm que acompanhar sua personalidade forte ou ficar um tom abaixo, serem mais tranquilos?

Não gosto de homem sem personalidade, não.

Você gosta de ser mandada?

Gosto, claro! Eu tenho um gaúcho do meu lado agora. Ele manda em mim. E manda muito bem.(risos) Sabe mandar: leonino e gaúcho…

E você faz a linha fofa?

Faço (risos).

Ninguém imagina você assim…

Sou mega mulherzinha! Meu maquiador do Cabaret diz: ‘Eu não acredito que você vai levar um cafezinho pro gaúcho! Você? A diva!’. Aí, eu falo: ‘Para com isso, Everton. Larga de ser bobo!’ (risos).

Já teve momento de querer deixar a carreira, parar com tudo?

Eu? Nunca! Parar? Essa palavra pra mim não existe. Já tive isso com a dança. Também, né? Já danço há 42 anos. Foi a época em que fui só bailarina, e comecei a trabalhar como atriz. Achei que poderia só atuar, mas parei durante dois meses, e tive a sensação de que me faltava o ar, meu corpo doía de não dançar. Outro dia, fazendo um aquecimento para o Cabaret, eu estava no meio, e disse; “Ah, não quero mais dançar. Não quero!’. Aí, o Jarbas falou: ‘Amor, vai pro camarim, toma um copinho d´água que daqui a pouco passa.’ Claro que não vou parar de dançar.

Você pensa em casar-se com Jarbas?

Ai… Não faz pergunta difícil! Fazemos a peça juntos, e onde um está, o outro também está. A gente já vive uma relação meio de casado. Estou amadurecendo a minha relação com ele. E as crianças gostam do Jarbas: ele é muito divertido.

E seu relacionamento com o Edson (Celulari) continua ótimo?

Continua. Foi uma trajetória linda, que cumpriu sua função lindamente. Um casamento de quase 17 anos! Agora somos amigos.

O que você faz para manter essa ótima forma?

Como horrores! Não paro, não consigo.(risos)

E a malhação?

Vamos lá: três vezes por semana ou quatro, uma no Rio, e as outras em São Paulo, porque o meu personal, Tonhão, mora lá. No meio disso entram o balé e o sapateado, Pelo menos duas vezes por semana. Antes de começar o espetáculo também. Hoje, por exemplo, vim gravar, hoje, já fiz duas aulas. E quando chegar em casa vou pular corda com o Enzo.

E a alimentação?

Estou com uma nutricionista, Alessandra Luglio. Com a dieta dela como sem parar. Carne vermelha não como muito pouco, porque me dá enxaqueca. Só por isso. Mas como de tudo, só que de três em três horas.

E doces, bebida alcoólica?

Não gosto de doces. Antes do Jarbas, eu não bebia nada, hoje tomo uma taça de champanhe de vez em quando. Aliás, o Jarbas é assim: se você der esse celular (mostra o aparelho dela), e alguém disser vai fazer bem, ele come. Não está nem aí. Não tem aquele prazer em comer. Eu tenho muito. (risos).

E a alcachofra da sua mãe? Sua perdição…

Como, claro! Adoro! Hoje comi um bacalhau feito por ela…

Você continua adepta do budismo?

Continuo. E com a minha guru, Cristina Fadul, que me introduziu no Budismo. É uma paranormal maravilhosa, me indica direções, o eixo… Ah, e a minha terapeuta. Mas não tomo ansiolíticos. Não gosto disso: remédio pra emagrecer, pra dormir… Sou muito ligada à vida saudável, à malhação, às boas energias.

Tudo isso fez de você esse mulherão, mas com uma alegria e energia de criança. Aliás, isso me faz lembrar da história da chupeta… Conta!

Você gosta, né?(risos). Bom, com 13 anos, fui fazer uma audição no Ballet Stagium e ganhei uma bolsa para estudar em Nova York. Depois de infernizar tanto a minha mãe, ela acabou me deixando ir. E lá fui eu, pegar o avião, de tailleur e com a minha chupeta.

Mas sua mãe não tentava tirá-la?

Tentava de todos os modos, mas não conseguia.

Poderia ter passado pimenta, como muita gente faz…

Ai,que horror! Isso é tortura! Cruzes! Mas, aí, quando apagou a luz do avião, eu comecei chupar a chupeta, que ficava escondida embaixo da gola do meu tailleur. Quando chegamos a Nova York, na pressa, saí do avião, achando que a chupeta estava na bolsa. Mas, depois, vi que tinha perdido. E nos Estados Unidos só tem aquelas ortodônticas, achatadinhas… Comprei uma, mas não gostei, e larguei. Imagina, em Nova York, sozinha, pensei: ‘Perdi tudo: minha mãe, minha família, minha chupeta… Agora tenho que crescer de qualquer maneira!’. E cresci! (risos).  
Entrevista de Simone Magalhães

Fotos: Fco. Patrício (todos os direitos reservados)

Fonte: Portal AS Digital in Blig Atriz Claudia Raia