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25 de setembro de 2010

Com ajuda do Twitter, ‘Ti-Ti-Ti’ entrega boa audiência e reafirma a força do "clássico"

A Globo tem suado para emplacar uma trama de sucesso no horário das sete – mesmo com a relativização do êxito, hoje na casa dos 30 pontos, provocada pela queda geral na audiência das novelas. Registrando 32 e até 33 pontos na Grande São Paulo, pelo Ibope, a nova Ti-Ti-Ti, de Maria Adelaide Amaral, pode ser considerada um destaque no horário. O bom desempenho, explicam especialistas, se deve a uma conjunção de fatores, como elementos folhetinescos clássicos, o lastro imaginário de uma novela já exibida antes na TV, o bom uso do Twitter (para onde transbordam alguns personagens do folhetim) e o talento da autora em recriar a história – além de atualizar a sinopse, ela acrescentou personagens e tramas de outros títulos de Cassiano Gabus Mendes, o pai de Ti-Ti-Ti (veja mais abaixo).
“O remake não é meramente uma adaptação, é uma recriação, e Maria Adelaide é uma autora do mesmo nível de Gabus Mendes, capaz de imprimir seu estilo”, opina a professora Maria Immacolata Vassallo de Lopes, coordenadora do Centro de Estudos em Telenovela da Universidade de São Paulo (USP). “O assunto também colabora: a temática do mundo da moda talvez seja mais atual hoje do que na época da trama original.”
Parte da inovação desta versão de Ti-Ti-Ti se deve ao uso de uma das redes sociais mais populares hoje na web, o Twiiter. Lá estão, sob os perfis @JacquesLeclair_ e @Victorvalentim_, os estilistas rivais que protagonizam a trama, Jacques Léclair (Alexandre Borges) e Victor Valentim (Murilo Benício). Cada um tem, respectivamente, 8.481 e 4.230 seguidores, que acompanham mensagens divertidas como "Amados, vou almoçar e já volto... Acho que vou comer peixe: BADEJO ESPANHOL!!!", uma cutucada de @JacquesLeclair_ em @Victorvalentim_.  A rede de microblogs conta, ainda, com um perfil da revista Moda Brasil (@Revistamodabr) e outro, institucional, da própria novela (@Tititi_oficial), com mais de 22.000 seguidores - um número que coloca o Twitter à frente, em termos de eficácia, dos blogs quase invisíveis que a Globo fazia para as suas novelas.

Para o especialista em telenovelas Mauro Alencar, o elenco também ajuda na boa performance da trama. “Os atores estão em sintonia e há ótimas interpretações, como as de Murilo Benício, Alexandre Borges, Claudia Raia e do casal Isis Valverde e Caio Castro”, diz, citando inclusive um ator que desperta ressalvas da crítica, Murilo Benício. Outro fator que pode explicar o desempenho do remake é o humor adequado ao público jovem. “A trama combina com o horário”, comenta a atriz Dira Paes, a Marta Moura da novela.

Vale lembrar que, embora o público de Ti-Ti-Ti não seja pequeno, já que cada ponto de audiência equivale a cerca de 56.000 domicílios, o índice do remake está longe daquele atingido pela Globo há vinte anos, quando a emissora alcançava até 50 pontos na faixa das sete. Mas o momento é outro e, diante dos fracos resultados de produções como Três Irmãs (2008/2009), que teve média de 25 pontos, e a última, Tempos Modernos (2009/2010), rasante nos 24 pontos de audiência, o fato é que a nova Ti-Ti-Ti vai muito bem.


OS INGREDIENTES DE TI-TI-TI
A junção do clássico e do novo que garantem boa audiência à novela.

1. Imaginário
Transmitida pela primeira vez há 20 anos, Ti-Ti-Ti ainda está na memória do público. Isso dá credibilidade à trama.

2. Recriação
Maria Adelaide Amaral incorpora personagens e tramas de outras novelas de Cassiano Gabus Mendes como Mario Fofoca, de Elas por Elas.

3. Ritmo
O tipo de humor da novela – “solar”, como a própria autora já definiu – garante leveza à trama, que conta com soluções rápidas para cada problema que aparece.


4. O clássico
Elementos folhetinescos como o antagonismo entre Victor Valentim e Jacques Léclair. Mais: Ari, o Victor, é, um personagem caro ao brasileiro, porque tem que se virar para arrumar dinheiro.


5. O novo
Com perfis bem ativos no Twitter para seus personagens principais, a novela transcende a televisão e mantém o público ligado na trama. 

FONTES: professora Maria Immacolata Vassallo de Lopes, coordenadora do Centro de Estudos em Telenovela da Universidade de São Paulo (USP); Claudino Mayer, pesquisador em telenovelas da USP, e Mauro Alencar, primeiro doutor do tema no país.
Fonte: Veja