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29 de novembro de 2009

Claudia Raia: “Minha vida é um risco permanente”

Prestes a estrear na cidade o musical Pernas Pro Ar, atriz diz que pretende popularizar o gênero e pede apoio da Prefeitura

Atriz convenceu Luis Fernando Veríssimo a escrever o roteiro do espetáculo

Tudo nasceu de um sonho de Claudia Raia em que ela rodava o país apresentando-se em uma caixa, que servia de palco, cenário e teatro. Parecia ir de encontro com o desejo da atriz de popularizar os musicais, mesmo com toda a dificuldade logística de organizar um espetáculo do gênero que fosse além de São Paulo e Rio de Janeiro. Obstinada, Claudia conseguiu, utilizando cenários em 3D, levar Pernas Pro Ar a outras praças do país. O espetáculo estreia no dia 4 de dezembro, no Teatro Bradesco. Assim como tem feito em outras cidades, Claudia diz que gostaria de realizar uma apresentação gratuita, no museu do Ipiranga. “Me ajude a divulgar essa proposta”, pede. A seguir, acompanhe a entrevista com a atriz, com parte das perguntas enviada por internautas.

Os musicais evoluíram no Brasil em relação à produção?
Fico feliz por, como quem não quer nada, ter reiniciado esse gênero no Brasil, ao lado de pessoas como a Marília Pêra. Nossa referência no início era o teatro de revista, que usei para atrair o público. E foi o que aconteceu. Mesmo em Não Fuja da Raia, no início dos anos 90, começamos a colocar referências dos musicais da Broadway, apesar de não ter os recursos apropriados. Mas hoje os musicais estão entre as maiores bilheterias do país, mesmo com o ingresso caro.

Você fala em popularizar o gênero...
Como a logística é complicada, geralmente os musicais só ficam entre São Paulo e Rio de Janeiro. Pernas Pro Ar é uma nova tentativa disso. Nossa intenção é levar o espetáculo a lugares inusitados, para outro perfil de público. Convidamos ONGs relacionadas ao canto, dança e artes cênicas, e que atuam em comunidades carentes, para assistir o ensaio geral, uma palestra e o making of do espetáculo, para mostrar como se faz um musical. E negociamos com as prefeituras para fazer uma apresentação extra em locais populares.

Como surgiu o enredo de Pernas Pro Ar?
De um sonho que tive, em que eu andava pelo país com uma caixa onde acontecia um show. Mas quem escreveria? Não temos autores e compositores de musicais. Primeiro, resgatei o coreógrafo Alonso Barros, que vive na Áustria, e Marconi Araújo, que cuidou da preparação vocal. Criamos o repertório, com músicas boas, mas faltava contar a história daquela mulher simples, a Helô. Foi então que tive a idéia de chamar o Luís Fernando Veríssimo. Além de músico, duas vezes ao ano ele vai à Broadway. Ele disse que não tinha tempo, mas consegui convencê-lo. “Faço, então, o argumento”, ele disse. Quem escreveu os diálogos foi o Marcelo Saback.

Que pontos em comum você tem com a personagem Helô?
Tenho um perfil diferente, não há nada de mesmice na minha vida, é cheia de emoção. E é de um risco permanente. Mas sinto falta de ter um pouquinho da Helô, de estar mais em casa, com os filhos e o marido. Adoro estar casada, ser dona-de-casa. Sou do interior paulista, tenho essa formação.


Apesar do alto custo de produção, sessões grátis são negociadas em cada cidade


O quanto Pernas Pro Ar exige de condicionamento físico?
Bastante. São duas horas de espetáculo em que praticamente não saio de cena. É difícil, são nove músicas, e me canso muito, porque as pernas da personagem têm uma coreografia específica. Além de malhar, pratiquei balé todos os dias para me preparar. E, quando estou na esteira, corro e canto ao mesmo tempo. Desenvolvi esse treino há 15 anos e consigo ganhar mais resistência. É claro que não faço numa academia cheia de gente (ri).

Como você avalia hoje o espetáculo Não Fuja da Raia?
Tínhamos poucos cenários, nada era automatizado. Pernas Pro Ar é bastante tecnológico, viajamos com nove projetores e 12 computadores. São três carretas de 30 metros na estrada. Mas dá uma alegria danada ter levado ao público o Não Fuja da Raia.

Você é uma pessoa versátil. Mas o que lhe dá mais prazer: musical, novela ou teatro? (@joanabrescancin)
Minha formação é de bailarina e tenho praticado canto há bastante tempo. Os musicais trazem tudo no mesmo pacote: dança, canto e representação. É o gênero que mais me seduz, mas adoro ser atriz e fazer novela.

Por que Ribeirão Preto foi escolhido para a estreia nacional?
É uma cidade preparada para receber um espetáculos desse tipo. As pessoas que vivem lá vão a São Paulo e até à Broadway para ver os musicais.

O que a fez optar pela religião budista?
Fiz essa escolha há 17 anos. Apenas acredito na filosofia, não sou fanática. Me sinto bem, calma. Foi uma grande descoberta.

Pernas Pro Ar. Teatro Bradesco. Shopping Bourbon . Rua Turiassu, 2.100, Pompeia, 3670-4141. R$ 60/R$ 200. Estréia dia 4/12.

Fonte:Revista Época SP